Entidade destaca importância da estatal para o desenvolvimento tecnológico e econômico do país
Aumento na tarifa de combustíveis e crise envolvendo desvios são os assuntos que rodearam o nome da Petrobrás nos últimos tempos. Porém, é preciso que a população conheça a importância da estatal e o que realmente está por trás da história da empresa. Antes de tal situação se instalar, fruto da atuação de pessoas que ocuparam cargos, o setor petróleo chegou a representar 13% do PIB, com cerca de 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos. Por conta de toda a conjuntura econômica nacional, existe uma retração, porém, a partir de um novo governo, é fundamental que sejam retomados os investimentos para favorecer o resgate da política de conteúdo nacional, gerar emprego, renda e desenvolver a cadeia produtiva industrial no Brasil.
O diretor licenciado do Sindipetro Bahia (Sindicato dos Petroleiros da Bahia), Radiovaldo Costa ressalta a importância histórica da Petrobras para o Brasil. Fruto da campanha nacionalista "O petróleo é nosso", a empresa foi fundamental para o desenvolvimento da indústria e da engenharia no nosso país. “Desde a exploração e produção de petróleo, passando por refino, distribuição e venda de derivados, expandiu sua atuação para o setor de energia elétrica, através das térmicas, e para o setor de renováveis, como o de produção de biodiesel. E é essa companhia integrada que a gente acredita que a Petrobras tem que ser. O petróleo é um recurso natural estratégico, fundamental para a vida moderna”, ressalta.
Hoje, cerca de 80% das reservas mundiais de petróleo estão nas mãos de empresas estatais, com tendência de alta na atuação, inclusive, avançando no setor petroquímico. “No atual governo, estamos indo na contramão desta tendência. Precisamos defender que a riqueza do petróleo, finita, se transforme em riqueza permanente para o país, através do desenvolvimento de ciência, tecnologia e educação. Isso só é possível se a gestão do setor estiver sob controle do estado nacional brasileiro”, frisa Radiovaldo.
Desenvolvimento tecnológico
Atualmente, a Petrobras lidera o esforço científico e tecnológico no Brasil. A empresa possui o maior Centro de Pesquisas e Desenvolvimento do Hemisfério Sul (CENPES), que, localizado na Ilha do Fundão, está integrado com a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lá atuam centenas de funcionários em pesquisa, desenvolvimento e engenharia básica.
“O setor petróleo é estratégico e a Petrobras é referência mundial. Temos todas as potencialidades para levar nosso país ao mesmo patamar de desenvolvimento dos países avançados"
Radiovaldo Costa, diretor licenciado do Sindipetro Bahia
Além disso, a companhia conduz, ainda, projetos de pesquisa e desenvolvimento em parceria com universidades e centros de pesquisas no Brasil e também no exterior. Toda essa excelência tornou a Petrobras líder em tecnologia para exploração e produção de petróleo em águas profundas e ultraprofundas. Isso foi o que possibilitou a descoberta do pré-sal. “Maior jazida mundial de petróleo das últimas décadas, fruto do esforço e da inteligência de brasileiros, que agora está sendo entregue pelo atual governo”, diz Radiovaldo Costa.
Hoje o pré-sal é uma realidade econômica e os seus royalties fortalecem dois pilares fundamentais para o país: 75% dos royalties vão para educação e 25% para saúde. Aqui vale destacar que, em tempos de crise fiscal, com recursos orçamentários escassos em função da forte queda de receita na economia nacional, são esses recursos do pré-sal que possibilitam contrabalançar o efeito negativo da crise. E tão relevante quanto isso, no longo prazo, os recursos do pré-sal, alocados no Fundo Soberano Brasileiro, garantiriam a independência de futuras gerações.
Política de preços
O Sindipetro acredita que, por conta do amplo parque de refino e autossuficiência em reservas de petróleo, como possui o Brasil hoje, seria possível que os reajustes fossem mais suaves, tomando como piso o custo de refino e como o teto o preço internacional. “Ou seja, os preços poderiam variar nesse intervalo, sem gerar prejuízos à Petrobras e, ao mesmo tempo, internalizar a volatilidade dos preços internacionais. Por conta do custo de oportunidade, não seria viável manter o preço doméstico desassociado ao internacional, no entanto, ele não precisaria passar por reajustes contínuos. Além disso, o governo poderia rediscutir a questão tributária, a fim de tentar minimizar o repasse internacional em momento de alta”, explica Radiovaldo Costa. Assim, além de o preço repassado poder ser menor, também é viável mantê-lo menos volátil. Basta modificar a política atual, pois, como destaca o diretor, não há o que justifique manter tal política, a não ser atender interesses privados, principalmente estrangeiros.
Defesa da estatal
Por entender sua importância e potencialidade para o país, o Sindipetro tem atuado intensamente em defesa da Petrobras e da classe trabalhadora. O sindicato exerce uma forte atuação contra a entrega dos campos de petróleo, bem como contra o fechamento das fábricas, contra a política de preços dos combustíveis e do gás de cozinha.
A entidade defende, ainda, a produção 100% nacional, a retomada dos investimentos, a geração de emprego e renda. “O setor petróleo é estratégico e a Petrobras é referência mundial. Temos todas as potencialidades para levar nosso país ao mesmo patamar de desenvolvimento dos países avançados. Não há a menor dúvida de que a Petrobras é uma riqueza brasileira cobiçada internacionalmente, sobretudo, após a descoberta do pré-sal, sendo uma das peças centrais do tabuleiro geopolítico do petróleo. Guerras são feitas, pessoas são mortas, golpes de estado acontecem. As eleições estão próximas e precisamos colocar na presidência, no Congresso, nos Governos e Assembleias estaduais legítimos representantes do povo brasileiro, realmente comprometidos com os interesses da classe trabalhadora. Defender a Petrobrás, é defender o Brasil!”, enfatiza Costa.
Atualmente uma das maiores lutas do Sindipetro inclui o não fechamento da FAFEN (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados). Esta é considerada, inclusive, uma questão de segurança nacional e de zelar pela soberania alimentar. “Os fertilizantes são essenciais para a produção agropecuária. Abrir mão da produção brasileira desses insumos significa deixar com os estrangeiros nossa capacidade de produzir alimentos, seja para consumo interno, seja para exportação. Ainda lembro que o agronegócio tem peso substancial na nossa economia”, frisa o diretor do sindicato.
Ele cita também que o fechamento seria catastrófico se, numa disputa internacional, os países produtores viessem a extrapolar os preços, ou mesmo cortar o fornecimento de fertilizantes para o Brasil. Isso colocaria o país em uma situação de imensa vulnerabilidade. No estado da Bahia, o encerramento da fábrica compromete o funcionamento de grande parte das empresas do pólo de Camaçari, já que a FAFEN é a primeira indústria do pólo e fornecedora de matérias primas básicas do complexo petroquímico.
Fonte - Correio da Bahia